quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Os perigos dos extremismos e a falta de bom senso



   Os extremismos dominam a actualidade. Vivemos numa época em que se convive com extremismos na comunicação social, na opinião de jornalistas e comentadores, pouco ou nada isentos, ou talvez impreparados, e nas tomadas de decisão supranacionais que envolvem, a um nível hierárquico inferior, a profusão e divulgação da mentira e da demagogia, promovendo a incompetência e o sadismo aos olhos de quem perceba um pouco mais dos assuntos ou até mesmo de quem tenha… bom senso. No entanto, o vulgar cidadão vive numa realidade virtual acreditando em falsos pressupostos e em obscuras tomadas de decisão que pretendem exactamente atingir os objectivos dos mais poderosos e contrários ao progresso e ao desenvolvimento. O nosso planeta não aguentará muitos mais anos de mais incompetência, desgoverno, corrupção, sadismo, mentira e falta de bom senso.
    Numa sociedade saudável, o “capital”, palavra com a qual já não me identifico, e que julgo ultrapassada, deveria servir para reforçar o investimento em economias verdes e azuis, sustentáveis, aproveitando, sem os destruir, recursos naturais existentes como o sol, as ondas, as marés e os ventos, produzindo energias limpas, criando emprego, protegendo o ambiente e poupando recursos necessários ao desenvolvimento. No entanto, vemos sociedades “desenvolvidas”, reduzindo o emprego, aumentando a fome e a dependência, destruindo os recursos naturais e obrigando os cidadãos a protegerem-se do ambiente adverso… As crises económicas e financeiras cíclicas, o recente desastre ambiental das Marianas no Brasil, o recente alerta vermelho da poluição atmosférica em Pequim e os cada vez mais actuais cataclismos naturais, como sismos, inundações, secas e furacões demonstram que estes “fenómenos” são cada vez mais… a normalidade.
   Um exemplo da má utilização do “capital” apresenta-se no aumento de muros que restringem a liberdade humana daqueles que querem fugir de guerras que o próprio “capital” fomentou e fomenta. Depois, a mente humana é moldada de forma a culpar desprotegidos e desculpabilizar os erros das más decisões do poder. Assiste-se ao fomento do ódio ao semelhante e ao recrudescer de movimentos nacionalistas e terroristas como se… o que existe não devesse ter uma melhor e mais justa distribuição. Os bombardeamentos indiscriminados em vez de sacrificarem os “maus”, protege-os, e engrossa o número daqueles que nada mais têm a perder senão… a própria vida.
   Em Portugal, assiste-se a uma aurora que se requer duradoura, a uma espécie de levantar do chão. No entanto, não devemos esquecer que os alicerces ainda são frágeis e delicados e que a queda será catastrófica se se esquecer o mais importante… o bom senso. E o bom senso diz-me que, nas presidenciais portuguesas, candidatos de esquerda a mais podem antever quedas de eleitorados em partidos, que pareciam ter margem para subir nas intenções de voto ou, pelo menos, de poderem consolidar as suas posições. O bom senso diz-me também que este erro crasso, a persistir, poderá colocar em Belém, alguém do velho sistema ou minorar estragos, numa segunda volta, colocando mais, do mesmo sistema… de Belém…

Há que haver bom senso!