Os perigos dos extremismos e a falta de bom senso
Os extremismos dominam a
actualidade. Vivemos numa época em que se convive com extremismos na comunicação
social, na opinião de jornalistas e comentadores, pouco ou nada isentos, ou
talvez impreparados, e nas tomadas de decisão supranacionais que envolvem, a um
nível hierárquico inferior, a profusão e divulgação da mentira e da demagogia,
promovendo a incompetência e o sadismo aos olhos de quem perceba um pouco mais
dos assuntos ou até mesmo de quem tenha… bom senso. No entanto, o vulgar
cidadão vive numa realidade virtual acreditando em falsos pressupostos e em
obscuras tomadas de decisão que pretendem exactamente atingir os objectivos dos mais poderosos e contrários ao progresso e ao desenvolvimento. O nosso planeta
não aguentará muitos mais anos de mais incompetência, desgoverno, corrupção,
sadismo, mentira e falta de bom senso.
Numa sociedade saudável, o
“capital”, palavra com a qual já não me identifico, e que julgo ultrapassada,
deveria servir para reforçar o investimento em economias verdes e azuis,
sustentáveis, aproveitando, sem os destruir, recursos naturais existentes como
o sol, as ondas, as marés e os ventos, produzindo energias limpas, criando
emprego, protegendo o ambiente e poupando recursos necessários ao
desenvolvimento. No entanto, vemos sociedades “desenvolvidas”, reduzindo o
emprego, aumentando a fome e a dependência, destruindo os recursos naturais e
obrigando os cidadãos a protegerem-se do ambiente adverso… As crises económicas
e financeiras cíclicas, o recente desastre ambiental das Marianas no Brasil, o
recente alerta vermelho da poluição atmosférica em Pequim e os cada vez mais
actuais cataclismos naturais, como sismos, inundações, secas e furacões
demonstram que estes “fenómenos” são cada vez mais… a normalidade.
Um exemplo da má utilização do
“capital” apresenta-se no aumento de muros que restringem a liberdade humana
daqueles que querem fugir de guerras que o próprio “capital” fomentou e
fomenta. Depois, a mente humana é moldada de forma a culpar desprotegidos e
desculpabilizar os erros das más decisões do poder. Assiste-se ao fomento do
ódio ao semelhante e ao recrudescer de movimentos nacionalistas e terroristas
como se… o que existe não devesse ter uma melhor e mais justa distribuição. Os
bombardeamentos indiscriminados em vez de sacrificarem os “maus”, protege-os, e
engrossa o número daqueles que nada mais têm a perder senão… a própria vida.
Em Portugal, assiste-se a uma
aurora que se requer duradoura, a uma espécie de levantar do chão. No entanto,
não devemos esquecer que os alicerces ainda são frágeis e delicados e que a
queda será catastrófica se se esquecer o mais importante… o bom senso. E o bom
senso diz-me que, nas presidenciais portuguesas, candidatos de esquerda a mais
podem antever quedas de eleitorados em partidos, que pareciam ter margem para
subir nas intenções de voto ou, pelo menos, de poderem consolidar as suas
posições. O bom senso diz-me também que este erro crasso, a persistir, poderá
colocar em Belém, alguém do velho sistema ou minorar estragos, numa segunda
volta, colocando mais, do mesmo sistema… de Belém…
Há que haver bom senso!