segunda-feira, 6 de novembro de 2017

Ética pura, não, dura

  

    Ora a minha história começa com o meu regresso a terras Lusas. Encontrei por a terra amigos meus, boa gente, malta socialista ferranha de Loures. Pessoal que sempre foi figura de trabalho afinco nos problemas do concelho e da freguesia (dizem eles), rapaziada de bom coração. Quando dei por mim, lá estava eu na amena cavaqueira a tratar de assuntos da política séria e honesta. Comecei uma conversa intressantissima sobre a Catalunha. A coisa durou menos tempo que os preços do combustível sem aumentar. Visões diferentes? Infelizmente não, era apenas uma visão e duas ausências. Nada que não seja típico de pessoal apelidado de "filhos da terra", gente que passa os anos a esfregar na cara em trezentos e cinco cargos ocupados em associações, bombeiros, clubes, grémios e listas para a Câmara ou Junta. Resta dizer que quase nada deu resultado, muito pelo contrário. Mas são coisas para por de parte. 
  Com tanta opinião silenciosa, ou "porque sim" que ouvi, lá tive de mudar de conversa. Estive fora, ouvia e lia sobre os candidatos à Câmara municipal de Loures , mas desconhecia alguns. Lá me informaram que o Bernardino ficou, e ganhou, e que quase todos os outros mudaram. Quando dei por mim, estavam eles a elogiar a Sónia. Boa rapariga, vereadora com um pelouro difícil e   uma mulher de coragem. E na minha opinião até acredito. Mas quando falámos de Carlos Teixeira, as expressões faciais mudaram, e as criticas foram extensas. Desconheço se é na totalidade do partido, espero que não, mas ter criticas ferozes  é que não percebo. De desculpas em desculpas lá vieram os argumentos gastos, família e a despesa. Tive de perguntar - "Mas a despesa é sempre má?"- entupiram, não me souberam responder, apenas escuto um volte-face à conversa - "Agora estamos bem, o Ricardo Leão mudou o PS em Loures" - estranhei! O PS em Loures continua o mesmo, as mesmas caras, principalmente aquelas que ganharam protagonismo com Carlos Teixeira, e pelo que percebi, o Ricardo Leão também é o mesmo, o que foi  vereador. Mudou? Não percebi onde.
   Não percebo as desculpas em torno da dívida,  família,  gato e  cão. São pouco construtivas e dão um ar de desmérito do trabalho feito à pessoa que durante 12 anos foi Presidente do Concelho e protagonista do maior desenvolvimento do município. Talvez tenha encontrado alguém que se tenha esquecido do quão rural era Loures à entrada do século XXI, e quanto desenvolveu e se tornou um Concelho estratégico. Mas Carlos Teixeira falhou? Óbvio, mas político que não falha não é político, é uma almofada sem ideias. Medina falhou, Costa falhou, e não é por esse motivo que perderam o mérito de serem pessoas capazes, tal como Carlos Teixeira o foi.
   Falar sobre a família e a dívida? Perdão! Prefiro falar sobre trabalho, porque se falarmos sobre família, Carlos César tornaria-se o centro do assunto. Mas se insistem, falemos de profissionalismo. Dívida? Em que parte do mundo vivemos? Um concelho que saltou para o mapa pelas melhores razões, não por as afirmações dos Andrés Venturas desta vida, é porque tem um curriculum de trabalho feito. Sem dúvida quem criou o que é Loures é hoje, um concelho moderno, urbano e citadino foi Carlos Teixeira. A dívida é o que tinha de ser, ou agora temos "experts" que conseguem tirar um concelho da ruralidade do século 19 e tornar atrativo para negocio, para viver e trabalhar é feito em sonhos?
  O partido socialista só tem razões de sobra para se orgulhar do trabalho de 12 anos, mas prefere deitar fogo ao passado no jogo da culpabilidade alheia. Tornar Carlos Teixeira em uma espécie de "Persona Non Grata" no passado do partido.
   Podemos falar de familiares, fazer uma reflexão sobre eram ou não qualificados para talhar a sua função. Talvez aí possamos ter uma ideia mais alargada sobre o que convenceu a recrutar, talvez. Talvez nem seja como pintaram. O que ficou então de trabalho? Muito! Será então que o dinheiro foi bem gasto? Talvez sim, talvez não. Mas que Loures apareceu no mapa com mérito, apareceu. Foi ético colocar um familiar? Em princípio não, mas foi ilegal? Não! Mas então e ocupar três cargos, mesmo com a legitimidade democrática? Não será também pouco ético? Talvez, mas também não é ilegal. O que permite a qualquer outra pessoa ter uma leitura Kantesiana sobre os valores éticos na sociedade, que se transferem para a política.
  Pois é, já que afirmam as vozes da existência de falta de ética de Carlos Teixeira, então resta relembrar os meus amigos socialistas que outras formas de não partilhar a ética existem,  exemplo esparramado o PS ter um presidente da Concelhia,  também Presidente da Assembleia Municipal de Loures,  também é Vogal na Junta de Freguesia de Sacavém que por sua vez, por acaso, também deputado na Assembleia da República. Não é ilegal, mas não será falta de ética e motivo para que a política seja vista de forma menos adequada? Óbvio que sim! Porque das duas uma, ou estamos perante uma brilhante figura política, o que não discordo dada a experiência "profissional", ou estamos perante alguém que entende que a sua Concelhia não está munida de gente capaz, e por conseguinte o país. Não vislumbra ninguém melhor que ele para ser em si a soma de todos os cargos. Poderíamos, eventualmente,  chegar a uma terceira possibilidade, mas seria tirar o mérito à figura em questão.
  Portanto, se os socialistas têm por muito se queixar do legado deixado por Carlos Teixeira, a quem muito deve Loures, então muito se pode queixar da má imagem de Leão. Porque pode não ser pago a 100% por as funções partidárias, na Assembleia Municipal e Vogal na JF, até pode ser um brilhante político, mas não deixa de ser pouco ético perante um país que vive constantemente a criticar os seus políticos. Enquanto isso Carlos Teixiera, apesar de ter sido candidato a Lisboa, de forma independente, mas continua a fazer a sua vidinha sem correr atrás de Vaga.
  Deu-me uma tremenda vontade de voltar a escrever. Um abraço à equipe.

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